22 de novembro de 2016

O novo perfil do examinador de candidatos à Carteira Nacional de Habilitação em Pernambuco

Pesquisa demonstra que entre 80 e 90% das pessoas que fazem o exame de direção veicular para obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) consideram-no bom ou ótimo, incluindo o atendimento prestado pelos examinadores e a infraestrutura (instalações e veículos).


Foto: Paulo Maciel - Imprensa- Detran-PE


1. Câmeras de monitoramento em alta definição, utilizadas em todas as etapas do exame prático para obtenção da Carteira de Habilitação (CNH).
2. Utilização de tablets conectados a uma central de processamento de dados, permitindo ao examinador computar, em tempo real, as infrações cometidas pelo candidato e, se for o caso, sua reprovação.
3. Inclusão de novos “desafios” no percurso como o de manter distância de segurança com relação ao ciclista, além do reordenamento das etapas.
4. Presença obrigatória do examinador no interior do veículo durante todo o teste prático.


As mudanças listadas acima vêm sendo introduzidas pelo Departamento Estadual de Trânsito em diferentes localidades pernambucanas, gerando uma transformação no perfil do exame prático dos que almejam à CNH, principalmente no modo como se relacionam examinadores e candidatos.

Este novo perfil foi alvo da pesquisa Projeto Espaço Futuro Condutor, realizada pela Faculdade dos Guararapes, localizada em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana de Recife.

A pesquisa foi feita com base em um questionário respondido por 895 candidatos à CNH, logo após a realização do exame prático de direção veicular, na sede do Detran-PE, bairro da Iputinga, zona oeste de Recife.

Ao contrário do que se poderia pensar, os dados revelam alto índice de aprovação do exame prático:

  • 91% de aprovação com relação aos veículos utilizados.
  • 90% de aprovação com relação á segurança e à infraestrutura.
  • 85% de aprovação do atendimento prestado pelos examinadores.
  • 80% de aprovação com relação à recepção e às informações prestadas aos candidatos (acesso ao local de realização do exame prático).
  • Uma porcentagem bem menor, 14% dos entrevistados, considerara o atendimento dos examinadores e a recepção dos candidatos regular ou fraca, apontando falhas como desatenção e mau-humor no tratamento prestado.


Como explica a gerente de Psicomédica do Detran-PE, Juliana Guimarães, o examinador está sujeito a alta pressão. Além de um trabalho repetitivo, nele são projetadas expectativas e frustrações por parte dos candidatos, parentes e também dos instrutores das autoescolas.

Situado na ponta do processo de habilitação dos condutores, o examinador acaba sendo encarado como responsável por arrematar ou demolir um edifício que “tinha tudo para dar certo”.

O exame prático do candidato à CNH é regulamentado pela Resolução 168/2004 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran).

O candidato é avaliado em função da pontuação negativa por faltas cometidas durante as etapas do exame. Existem faltas eliminatórias bem como faltas de natureza leve, média e grave, que, de forma semelhante às infrações de trânsito, estão associadas a uma pontuação que varia de 01 a 03.

Será considerado reprovado na prova prática de direção veicular o candidato que cometer falta eliminatória ou cuja soma dos pontos negativos ultrapasse a 3.

Curso de Atualização dos Examinadores

A fim de ajudar os examinadores dos testes práticos a lidar  com as mudanças técnicas e legais no processo de avaliação dos futuros condutores, o Detran-PE está promovendo um curso de atualização destes profissionais.

Ao todo são cinco turmas, contemplando as diferentes microrregiões do Estado. As duas primeiras já ocorreram, na capital pernambucana. As demais serão em Caruaru, no Agreste, e em Serra Talhada e Petrolina, ambas no sertão. A atualização segue até 16 de dezembro.

Durante o curso, 122 examinadores estudam, em profundidade, o novo manual de procedimentos de avaliação dos candidatos à CNH, confeccionado pela unidade pedagógica da Coordenadoria de Educação do Órgão. Renovam conhecimentos sob dois prismas: o da legislação de trânsito e o comportamental.

O conhecimento é trabalhado a partir do compartilhamento de vivências dos examinadores e de como aplicar a legislação, primordialmente objetiva, lidando com a subjetividade dos candidatos e com a exposição ao estresse causado pela repetição de procedimentos e por sentimentos como raiva e medo trazidos pelos candidatos.

“Os examinadores têm a oportunidade de perceber o seu papel no complexo processo de habilitação e de compreender como a avaliação dos candidatos à CNH implica constante autoavaliação por parte do examinador”, explica Juliana Guimarães.

Mais objetividade na avaliação dos candidatos à CNH

Algum tempo atrás, caso surgissem dúvidas quanto à validade do exame prático, era a palavra do candidato contra a do examinador. Agora, tudo que acontece dentro e fora do veículo é registrado em alto e bom som, com qualidade HD, ficando disponível para posterior consulta.

Também contribui para aumentar o grau de objetividade da avaliação o aprimoramento tecnológico. Baliza e garagem, por exemplo, passaram a contar com sensores de aproximação do veículo.

Todas essas medidas têm por objetivo tornar a avaliação dos candidatos uniforme nas diferentes unidades onde ocorre o exame prático, reduzindo ao máximo a carga de subjetividade na avaliação.

Como observa Juliana Guimarães, muitos candidatos esperam encontrar no examinador um amigo ou uma extensão do instrutor da autoescola, quando, na verdade, ele é um avaliador e deve manter uma relação impessoal com o candidato.

“A impessoalidade às vezes é confundida com grosseria, mas é algo necessário em processos de avaliação predominantemente objetivos como são os exames práticos para obtenção da CNH, os concursos e os vestibulares”.

Reprovações sucessivas

É comum o candidato não ser aprovado de primeira, de segunda, de terceira... E aí, a tendência é buscar um culpado para esta reprovação como, por exemplo, a autoescola ou os examinadores.

Porém, reprovações sucessivas podem estar relacionadas a questões comportamentais e não a deficiências da formação nas autoescolas. “Problemas de ordem psicológica podem impedir que o candidato converta em desempenho o aprendizado”, pontua Juliana.

A Gerente de Psicomédica defende que após uma certa quantidade de reprovações, os candidatos sejam submetidos a nova avaliação psicológica, algo que também deveria ocorrer com condutores já habilitados que cometem diversas vezes uma mesma infração, os chamados infratores contumazes.

“Seria importante uma mudança na legislação de trânsito neste sentido. Atualmente, exige-se da pessoa que tem a CNH suspensa, que faça um curso de reciclagem, mas não se cobra avaliação psicológica, o que me parece incoerente.”.

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