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Fotos: Cláudio Eufrausino |
A abertura do Movimento Maio Amarelo, em Pernambuco, contou com a presença do jornalista Caco Barcellos. Entrevistado pelo Analista de Trãnsito, Barcellos falou sobre a necessidade de retirar o pedestre da zona de invisibilidade e promover ações com foco nos atores mais vulneráveis do cenário do trânsito.
“Tudo o que se pensa em termos de políticas públicas e
campanhas educativas tem como foco o motorista e o veículo. O pedestre é
totalmente ignorado e esquecido. E ele é a maior vítima. O que as campanhas
deveriam mostrar é que quem importa é a pessoa e não o carro. Eu faria
campanhas nas quais a prioridade mil seria para as pessoas sem carro”.
Estas palavras do jornalista Caco Barcellos, durante a
solenidade de abertura do Movimento Maio Amarelo 2017, em Pernambuco, apontam
para a necessidade de uma mudança de direção das ações de trânsito, focando os
atores mais vulneráveis, a saber, motociclistas, ciclistas e, principalmente o
pedestre.
O descaso com relação ao pedestre reflete-se nas péssimas condições de nossas calçadas, ainda piores que as condições das vias onde "caminham" os veículos.
Os últimos dados levantados pelo DataSUS, em 2014, mostram
que, em nosso Estado, morreram mais pedestres (390), vitimados por acidentes de
trânsito, do que pessoas a bordo de veículos (345).
Nesse mesmo ano, foram registrados 53 vítimas fatais na
categoria ciclista e 833 motociclistas.
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) lista 16 infrações de
trânsito que colocam em risco diretamente a vida do pedestre.
É bom lembrar que o Código inclui na categoria pedestre os
ciclistas que, desmontados, estejam empurrando a bicicleta assim como pessoas
com deficiência, utilizando cadeira de rodas.
Apesar de ser o elo mais vulnerável, o pedestre também pode
provocar acidentes. O CTB prevê multa para o pedestre cuja conduta perturbe a
segurança do trânsito. Mas, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) ainda precisa
normatizar o procedimento para fiscalizar e punir o pedestre infrator.
Um preceito fundamental do Código de Trânsito é o de que o
mais forte deve zelar pelo mais vulnerável, isto é, o pedestre, seguido pelos
demais, a saber: ciclistas, motociclistas, motoristas de veículos de passeio e
motoristas de veículos de grande porte.
Os atores mais vulneráveis e “nus”, do cenário do trânsito,
tornam-se invisíveis diante das políticas públicas de promoção da segurança
viária e também perante os atores do trânsito blindados pela carroçaria de seus
veículos.
Para o editor-chefe do programa Profissão Repórter, da Rede
Globo, esta desconsideração com relação aos vulneráveis, no trânsito, está
intimamente relacionada à naturalização feita, em nosso País, da desigualdade
extrema, onde a maior parte ganha menos de um salário mínimo enquanto uma
pequena parcela recebe, mensalmente, mais de 100 salários mínimos.
"O Brasil é conhecido como uma sociedade solidária. Tenho medo disso. Preferia que fossemos conhecidos como uma sociedade justa. Onde há justiça não é necessário solidariedade.".
"O Brasil é conhecido como uma sociedade solidária. Tenho medo disso. Preferia que fossemos conhecidos como uma sociedade justa. Onde há justiça não é necessário solidariedade.".
Caco Barcellos acredita que a forma mais eficaz de reverter
esse quadro é a prevenção, por meio da educação. Porém, associada a multas de
valor elevado e punições, na esfera penal, que façam os condutores se darem
conta de que praticar determinadas condutas, como ingerir bebida alcoólica
antes de dirigir, significa assumir o risco de matar.
Em sintonia com o lema do Movimento Maio Amarelo 2017 – “No
trânsito, você escolhe”, Barcellos acredita que, em última instância, a conduta
no trânsito é fruto das decisões individuais.
Concorda com este ponto de vista Antônio Neto, vice-reitor
da Universidade Maurício de Nassau, onde ocorreu a palestra de abertura do Maio
Amarelo, promovida por Caco Barcelos: “A opção pela vida não se faz por meio de
decreto: trata-se de um exercício diário”.
A cerimônia de abertura do Maio Amarelo foi ontem (02-05),
sob coordenação do Departamento de Trânsito de Pernambuco, o Detran-PE, em
parceria com o Grupo Ser Educacional e o Sindicato dos Corretores de Seguro, na
figura do empresário Carlos Valle.
O Movimento Internacional Maio Amarelo completa quatro anos de existência, marcado por ações que promovem a segurança no trânsito, movidas pelo apelo da Organização das Nações Unidas para diminuir o índice de acidentes. A cor amarela é uma alusão ao semáforo (sinal de alerta). Em Pernambuco, o Movimento é coordenado pelo Sincor e pelo Detran-PE.
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Caco Barcellos ao lado do Diretor Presidente do Detran-PE, Charles Ribeiro |
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