29 de outubro de 2016

Operação Lei Seca está deixando de ser prioridade dos investimentos em segurança no trânsito?

Governo Paulo Câmara está aumentando o investimento em alternativas à Lei Seca, a exemplo das Operações Rota de Fuga e Trânsito Seguro, o que tornou possível reduzir em 8,2% o índice de acidentes de trânsito no Estado.

Foto: Cláudio Eufrausino.


A Operação Lei Seca, criada em 2011, parece estar deixando de ser a prioridade das políticas pernambucanas de promoção da segurança no trânsito.

No último dia 28, em cerimônia realizada no Palácio do Campo das Princesas, o Governador Paulo Câmara apresentou a nova frota de veículos a serem utilizados para fiscalizar o cometimento de infrações nas diferentes microrregiões de Pernambuco: um investimento da ordem de R$8,5 milhões.

Foi sintomático o fato de que 67% dos veículos adquiridos foram destinados não à Operação Lei Seca, coordenada pela Secretaria Estadual de Saúde, mas sim a duas Operações coordenadas pelo Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN-PE): a Operação Trânsito Seguro (OTS), criada em 2014, e a Operação Rota de Fuga (ORF), criada em maio deste ano. A Lei Seca recebeu oito veículos, 17% do total.

O Governo do Estado está acordando para o fato de que os acidentes de trânsito não são causados exclusivamente pela mistura entre álcool e direção.

Na lista das 10 infrações mais cometidas em Pernambuco, nos anos de 2015 e 2016, não está presente a infração “Dirigir sob influência de alcool”. A mesma coisa acontece quando se observa a lista das mais cometidas por microrregião (agreste, sertão e Região Metropolitana) e também nos principais municípios, a exemplo de Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Caruaru e Petrolina.

Por outro lado, a infração referente ao uso de celular pelos condutores de veículos faz parte da lista das dez mais cometidas seja por microrregião, por município e também para efeito do estado como um todo. Em Petrolina, por exemplo, esta infração ocupa a primeira posição do ranking.

Como ressaltou Paulo Câmara, o atual propósito do Governo do Estado é reforçar o investimento na fiscalização de trânsito com finalidade preventiva. É o perfil da Operação Trânsito Seguro, por meio da qual o Detran-PE realiza, de forma combinada, blitze educativas e blitze punitivas.

Por meio das blitze educativas, planejadas em parceria com a equipe de pedagogia e educação de trânsito do Órgão, a OTS orienta grupos, como os motofretistas e os condutores de Transporte Escolar, a cumprirem os requisitos para exercer suas atividades em segurança, dentre os quais a inspeção semestral obrigatória.

A fiscalização educativa da OTS também tem contribuído para estimular a regularização dos ciclomotores – mais conhecidos como cinquentinhas. No momento, está sendo compromisso da OTS familiarizar a população pernambucana com as mudanças no Código de Trânsito, que entrarão em vigor a partir de novembro, com destaque para o reajuste geral no valor das infrações de trânsito.

Desde 2014, a OTS tem investido na blitz com foco em determinadas infrações como dirigir usando celular, transportando irregularmente crianças ou sem utilização de equipamentos de segurança como cinto e capacete, infrações que chegam a causar mais acidentes que a alcoolemia.

Apostando na interiorização, a OTS contribuiu para que, pela primeira vez, o relatório da Variação da Taxa de Mortes por Acidentes de Transporte Terrestres da V Gerência Regional de Saúde (GERES), com raio de atuação do agreste meridional, fechasse no verde. A meta da GERES era reduzir essa taxa em 6,7%, tendo alcançado uma redução de 53,6%, efeito da ação da OTS.

No Estado, houve, considerando-se o biênio 2014-2015, redução de 8,2% no índice de acidentes de trânsito, conforme declaração da Diretoria Presidente do DETRAN-PE.

Já a Operação Rota de Fuga (ORF) veio para romper com o modelo tradicional de blitz estática. Investe no monitoramento prévio de áreas, avaliando o potencial de cometimento de infrações e as potenciais rotas de fuga dos infratores. Com este trabalho, a ORF contribui para inibir e também expor a ação de criminosos que tentam utilizar o trânsito como esconderijo ou válvula de escape.

Dessa forma, a ORF tem mostrado que os agentes de trânsito são importantes colaboradores na investigação policial.

Atualmente, a maior parte do efetivo de agentes de trânsito, dentre os quais os do DETRAN, é destinado à Operação Lei Seca. É provável que o Governador Paulo Câmara, um experiente gestor de finanças, esteja percebendo que é necessário rever esta situação, aumentando os quadros da OTS e da ORF, e, assim, combinar o útil e o útil: a redução dos acidentes de trânsito e o aumento da arrecadação do estado proveniente das multas.








10 comentários:

  1. Só faria um adendo: mesmo não estando entre as 10 principais infrações cometidas, seria relevante ter o dado em que nos casos de morte, quantos tinham relação com a associação de bebida e direção.

    Parabéns pelo blog e pela escrita.

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    1. Ótima sugestão. Será assunto em uma futura postagem. Obrigado. Abraço

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  2. A Operação Lei Seca está aí a 5anos, com redução de 47℅ de acidentes, isso de modo nenhum pode ser ignorado. A operação Rota de Fuga foi criada a partir da repressão causada pela Op.lei Seca.

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    1. O mérito da OLS é indiscutível. Mas, o investimento na segurança do trânsito tende a acontecer em diversas frentes.

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  3. O que vemos é que antes da Op.lei Seca, não existia uma fiscalização rigorosa, e depois foi um exemplo a ser seguido, claro que o DETRAN e órgão grande que atende todo estado, então, é esse o motivo de receber um número maior de viatura.Vejo aqui uma reportagem tendenciosa, já que a Op.Lei Seca, segue firme e forte, motivo de orgulho para os Pernambucanos.

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    1. Obrigado pelo comentário. Abraço

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    2. Antes da Lei Seca o DETRAN PE já estava presente nas ruas com a Operação alcoolemia. Dois anos passados foi apresentada a OLS. O Importamte mesmo é que venha mais frentes com o objetivo de salvar vidas.

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  4. Excelente matéria! Sou favorável a ações diversificadas, como um cerco a coibir infrações e crimes. Tudo feito na valoração da vida é louvável, uma ação fica limitada, mas uma gama de ações torna-se nao só punitiva, mas educativa (indutora do modo de agir). Sempre são opiniões pessoais, sujeitas ao seu crivo de especialista, assim como de outros igualmente capacitados, aprendo com vocês. Obrigada, bjs meu amigo.

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